sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Alguém especial I

Descendo a cordilheira vi uma cena meio estranha aos olhos humanos, alguém estava sentado longe de toda a civilização, encima de algumas pedras, alguém muito magro sem forças, mas parecia um tanto feliz de estar lá, longe de tudo, me senti tão, mas tão curiosa que a minha vontade era me jogar e cair exatamente naquele lugar, naquelas pedras, com aquele ser estranho que ainda não havia identificado, não sabia qual era seu sexo, mas me aproximei com cuidado, pois não sei o que esperava, não sabia a quanto tempo aquele ser estaria ali parado, não sabia o que estava fazendo, afinal podia ser qualquer idiota ou então uma pessoa procurando alguém sentido na vida, eu realmente queria que a segunda opção estivesse certa.
Já era final do dia, e eu pretendia chegar ao final da montanha antes do anoitecer, minha curiosidade era tanta, que esqueci do que estava em minha cabeça, esqueci que o dia ia anoitecer há apenas algumas horas e que a noite era muito mais difícil descer aquela alta cordilheira, esqueci, realmente aquela cena tirou de mim todas as outras vontades que eu tinha, me deixou com uma vontade intensa de ir até lá, ver o porque daquela pessoas estar lá sozinha, tão, mas, tão só que só de pensar já me sentia solitária.
Aos poucos fui me aproximando, percebi que era uma mulher, mais precisamente uma moça, parecia ter uns dezenove anos e seu rosto trazia uma expressão fechada, eu pela primeira vez encontrei uma pessoa que eu não conseguia ler os olhos, e isso fez que eu ficasse com mais curiosidade ainda. Ela continuo olhando pro nada, enquanto eu à examinava, tinha olhos claros, cabelos longos e lisos, não havia sorriso no seu rosto, na verdade ela não demonstrava nada, nenhum sentimento, mascarava tudo de uma maneira invejável, eu não desvendei-a ao longe, então resolvi me aproximar.
Percebi que ela não sentiu minha presença, e isso foi realmente estranho, a cada passo, tinha mais a impressão de que ela sonhava acordada, e que ela se sentia bem ali, pois nem o barulho do seu respirar era possível ser escutado, só ouvia o barulho do vento tocando a superfície fazendo com que os galhos, as arvores e a grama tomassem um balanço, em uma sincronia perfeita, que só a natureza pode nos proporcionar.
A cada passo sentia que ela estava distante, e meu coração pulsava estranho, sei lá, aquele lugar tinha uma energia positiva, e ao mesmo tempo era tão negativa, não sei explicar a sensação era tão estranha. Quando cheguei até a pedra, sentei-me ao seu lado, não sabia o que falar, palavras não buscavam sair da minha boca, não sei se ela percebeu que eu estava ali ao seu lado, ou, se o seu sonho estava lhe tomando sua consciência.

Continua...

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