terça-feira, 31 de agosto de 2010

A ultima crônica .

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café
junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.


A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou
do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência,
que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao
episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de
esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico,
torno-me simples espectador e perco a noção do essencial.
Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o
verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último
poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar
fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.


Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de
sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha
de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas
curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres
esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam
para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro
que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom,
inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um
pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando
imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta
para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a
reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu
lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão
apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo
simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia
triang ular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente.
Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e
filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O
pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os
observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta
caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola,
o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto
ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra
com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa.
A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas
e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura --
ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de
bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim,
satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da
celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se
encontram, ele se perturba, constrangido -- vacila, ameaça
abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se
abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura
como esse sorriso.

fernando sabino

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


É estranho como a coloração dos dias está voltando para o meu mundo, fazia tempo que eu não via o azul do céu, estava vivendo dentro de um mundo só meu, onde ninguém era bem vindo, vivia pensando da maneira mais absurda, sem esperanças, sem forças, sem sentindo, tudo pra mim era complicado de falar, de compreender.

Entendo que tudo o que sentia foi um grande conhecimento para não errar no futuro, mas toda aquela nostalgia já passou, todo aquele amor foi diminuindo diminuindo, não que tenha acabado, mas as atitudes fizeram com que tudo ficasse um pouco apagado e que o pensamento se voltasse mais para mim, para a minha felicidade, para a minha vontade, para o meu ser. Me sinto muito melhor, mas valorizada, e a cada dia mais conformada que o que passou deve ficar lá atrás e as lembranças nunca serão apagadas, serão a cada dia relembradas como um passado bonito que não se apagará.

Estou me sentindo leve, muito melhor do que antes e liberta daquele mundo estranho que nem eu compreendia, meu sorriso já é sincero, meu olhos já demonstram felicidade e tudo esta melhor, meu coração não parece mais estar aflito, as respostas começaram a aparecer e a cada passo meus dias se tornaram mais iluminados e cheios de verdades que antes tinham a missão de atormentar o meu ser.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Não, não diga nada, apenas sinta.

Sinta a energia que está no ar, sinta o amor do próximo, o abraço da pessoa amada, sinta o perfume no pescoço de alguém, o beijo da sua mãe, sinta o valor das palavras, das expressões, sinta o olhar, a chuva, o sol, sinta o sorriso, a felicidade, a tristeza, sinta dor, vontade, alegria, saudade, sinta o sabor, a cor, a essência, sinta o toque, carinho, vaidade, sinta arrepiu, frio, medo, sinta melancolia, decepção. Sinta apenas sinta, tudo está interligado é complicado entender,as vezes sentir é difícil, mas quando tudo passa entendemos a necessidade de sentir.

sonhos que não existem mais.


Hoje eu me sinto tão leve quanto a brisa que cercam nossos dias, tão brilhante quanto um raio de sol, tão escura quanto a noite e tão livre como um pássaro perdido no céu azul.

Tive uma experiência, pude ajudar os necessitados, brincar com os carentes, conversar com os tímidos, abraçar os diferentes, observar nos olhos de cada um o que eles sentiam, ver a alegria no sorriso de cada criança, pude voltar a infância, escutando aquelas musicas que sempre escutava, sentia a cada verso que meu coração palpitava cada vez mais intensamente, eu me senti com a inocência de uma criança, com a alegria do diferente, com a sinceridade no olhar, com as doces palavras que ao serem jogadas ao vento sopram aos nossos ouvidos como musica, eu senti minha infância voltar e com isso a felicidade encontrar, posso dizer que será um dia para sempre lembrado, eu me senti completa, esqueci de tudo que havia por trás e encontrei a paz.

Queria poder viver mais desses momentos, esquecer do que me cerca, caminhar sem entender o quão o mundo e as pessoas são ingratas, queria ter a inocência em meus dias, mostrar pro mundo as minhas alegrias, mas meu sonho de criança acabou, estou me tornando alguém maior e meu coração se despedaçou, tudo que ficou para trás me falta hoje, mas não posso mais voltar atrás, era feliz e não sabia, tinha tudo e não sabia e alegria que eu tanto tinha hoje não existe mais, meus olhos vêem a verdade e não esconde nada mais .

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ser.

Eu preciso entender o que se passa no meu coração, não consigo deixar ódio nem ingratidão florescer dentro dele, tudo que aconteceu fez-me sentir um desprezo enorme, que faz com que tudo que eu faça me lembre o mesmo, eu não queria que as coisas tivessem tal efeito, mas é complicado, dói, caleja, arrebenta com os meus dias, sim, eu abro os meus olhos pensando no quanto as coisas podiam ser diferentes e deito pensando no que eu podia fazer para mudá-las, meu orgulho é forte, algo me diz que eu deveria buscar, correr, abraçar encontrá-lo, mas meu orgulho é mais forte, eu prefiro sofrer ao invés de procurá-lo, eu prefiro calar-me ao invés de soltar palavras ao vento, eu prefiro não sentir ao invés de transmitir o que eu sinto.
Meu ser sempre foi tomado de felicidade, mas não sei por onde demonstrá-la, queria poder arrancar de mim tudo o que me faz mal, tudo que me machuca, me insulta e trazer para o real o amor que existe em mim, o amor que eu queria dar para as crianças carentes, o amor que eu queria dar para os doentes, o amor que eu queria demonstrar pra aqueles que o desconhecem, o amor que eu queria dar pra quem o merece, quem sabe não seja assim que eu vá me sentir melhor, quem sabe não é compartilhando tudo o que eu tenho com quem merece, a verdade é que nem sempre a gente sabe amar quem nos ama e nem valorizá-lo, isso dói, machuca, então eu queria entender como pode ser tão difícil retribuir o que parece tão simples, seria tão mais fácil se o orgulho não existisse, se o amor prosperasse e se as pessoas se encontrassem.







Dedicando a post numero 50 para minha melhor amiga, Natalia Anginoni Santin, que sempre me ajudou, me aconselhou, me mostrou nesses 8 anos de amizade o que é ter uma amiga de verdade, que apesar de tudo sempre esteve do meu lado para me ajudar e eu tenho muito a agradecer. Amo Você ♥

domingo, 22 de agosto de 2010

E tudo que eu senti, não contou pra você ?

É estranho como as coisas são e como as pessoas mudam, confesso que ultimamente eu não entendo mais nada, existem pessoas que suplicam por amor e recebem ingratidão e existem pessoas que sentem-se amadas mas preferiram estar sozinhas, de fato, eu não sei, não entendo, as vezes eu sinto que tenho tudo, que estou completa e as vezes me sinto num vazio enorme. Acredito que as pessoas deveriam ser mais sinceras, sempre preferi a verdade que dói a mentira que por certo tempo acalenta, mas assim que descoberta te transforma. Eu não preciso de palavras, prefiro muito mais atos, palavras saem instantaneamente, podem ser elas boas ou ruins, dependem do momento e da fragilidade do ser, já os atos devem ser estudados, trabalhados, é pensado se realmente vai lhe fazer diferença, atos são de mostrados conforme os sentimentos e se não valer a pena eles não são demonstrados.
Eu me sinto transformada, nunca tinha sido tão fria o quanto hoje me sinto, sempre fui iludida por promessas, palavras, que simplesmente pra mim significavam, mas que pra que as falava não significava nada, eram apenas jogadas ao vento. Atos são desconhecidos para mim, e foi isso que fez-me acordar, eu percebi que nada era como o falado e a cada dia me sentia mais machucada, cada dia mais acabada e sem ninguém para me ajudar, as palavras me iludiam,e a esperança que elas se tornassem realidade também e nada era feito, eu simplesmente criava uma imagem que não existia, eu fazia planos e nada acontecia, tudo foi desaparecendo, como no por do sol quando ele se esconde no fim da tarde, a única diferença que o meu sol não aparecia na manhã seguinte, estava a me acostumar com a escuridão, mas não podia viver sem a luz, aos poucos lembrei-me de como é bom viver iluminada, mas a frieza que tomou o meu ser não foi embora.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Estávamos nós, meus cinco colegas de aula e a professora debatendo assuntos polêmicos, política, natureza, religião e pensamentos.
Depois de muita conversa chegamos num assunto polemico que envolve nossa nova e pacata cidade, que tem muito o que viver.
Quem á conhece percebe que precisa de varias melhorias, do ponto central até o final, estradas totalmente detonadas, prefeitura velha sem cor, não, não parece uma prefeitura e sim um presídio,entre outras coisas que deixam a nossa cidade com um ar de abandonada, não existe argumentos para defender o porque da cidade estar assim. Os impostos são pagos da maneira correta pela maioria das pessoas, há certa cobrança perante as melhorias necessárias, mas ninguém com a palavra tão forte que faça os políticos entenderem que as melhorias não podem ser só feitas dois anos antes das eleições e que o dinheiro deve ser aproveitado para coisas uteis, as supérfluas podem esperar. Digo isso porque é o que realmente esta acontecendo, é necessário ter algumas coisas diferentes e atrativas na cidade, mas como elas podem embelezar se na verdade muitas outras coisas acabam estragando, um bom exemplo é o chafariz do centenário, onde com toda a certeza foi gasto muito dinheiro para fazer, confesso ficou lindo, deu a cidade um local diferente, uma atração nova, algo inédito que não tem em outros locais, mas para chegar até lá é preciso passar por muitos buracos, olhar a confusão e o caos que há na nossa cidade, para chegar lá e toda a beleza ser retirada por tudo aquilo que vivenciamos a poucos segundos, é complicado falar, estou vendo que as estradas vão ser arrumadas, dá-se pra perceber pelos boatos que circulam pela cidade e até porque a rua da minha casa foi fechada, estou vendo mudanças e isso me agrada, mas podia ter começado a muito tempo, pouco foi feito e as pessoas votaram, ouviram promessas e nada de muito diferente foi feito e a cobrança que deveria existir, ah nós não nos importamos com isso, só vamos lembrar que deveríamos cobrar isso, quando a corrupção é anunciada na televisão, parece que se não for assim nós nos cegamos e ainda temos a coragem de jogarmos toda a culpa nos governantes como se nós não fossemos culpados.